Lançado em 2011 pela editora argonautas, “Sagas, Vol.1
Espada e Magia”, reúne quatro noveletas acerca do subgênero “espada e magia”
além de um prefacio escrito por Roberto de Souza Causo sobre o tema.
Nascido na década de 1930, esse
subgênero pode ser descrito como uma união das aventuras de “Capa e Espada ” com
o horror cósmico de H.P. Lovecraft. A maioria dessas histórias segue as
desventuras de um guerreiro solitário – ou uma dupla de guerreiros – contras
diversas ameaças, geralmente sob a forma de um mago sóbrio ou alguma criatura
abissal. A aparição de joias magias e donzelas atraentes também é comum.
Sem mais delongas, vamos aos
contos.
“Lágrimas do Anjo da Morte” de
Cesar Alcázar.
Após ter a vida salva por uma
aparição, um mercenário se vê forçado a partir em uma jornada em busca de um
caldeirão mágico. O conto se passa na Irlanda do século XIII, e integra parte da
história e folclore da época em sua narrativa. A trama é repleta de ação e reviravoltas,
e a prosa é a mais fluida do livro. Para melhorar, o protagonista é muito bem
trabalhado – Anrath, o cão negro, é um personagem complexo, um guerreiro que
gostaria de parar de lutar, mas não consegue. Meu conto favorito do livro.
O livro “Bazar Pulp” da mesma editora
tem mais dois contos do personagem “O coração do cão negro” e “Uma sepultura
solitária sobre a colina”.
“A Cidade de Elan” de Georgette
Sillen.
Kira, uma princesa amazona, parte
para uma cidade de ladrões em busca de uma joia poderoso. No processo, uma
rebelião se inicia e segredos são revelados, levando a uma rebelião e a um
clímax poderoso. O final termina em uma vitória com um toque de melancolia –
mas não culpa ou arrependimento.
Dito isso esse foi, francamente,
o conto do qual menos gostei. Não digo que a história em si é ruim, mas...
Eu
não fui capaz de simpatizar com a protagonista. Kira, para começar, não
demonstrou ser diferente das centenas de guerreiras que permeiam a literatura
fantástica. E pior, fiquei com a impressão que as centenas, talvez milhares, de
assassinatos cometidos no conto teriam sido evitados se Kira tivesse entrado na
titular “Elan” de uma formas mais discreta. E a sugestão no final de que já é a
terceira vez que nossa protagonista comete um massacre dessa magnitude não ajudou
em nada.
Admito que essa é uma reclamação
pessoal, que não desmerece a história em si, mas ainda sim achei bom expor a
questão...
Esse conto contêm alguns
elementos que lembram as obras derivadas de Tolkien. A protagonista do titulo é
uma princesa escolhida dos deuses para juntar pedras elementares e trazer
equilíbrio ao mundo fantástico bem definido, e não uma guerreira qualquer
lutando pela sobrevivência em um passado indefinido.
Outras aventuras dessa amazona
podem ser encontradas no livro “As Crônicas de Kira” publicado pela editora
“Giz Editorial”.
“A Dama da Casa de Wassir” de
Robert Pinheiro.
Duas tribos rivais buscam se unir
contra um inimigo comum por meio de um casamento entre seus herdeiros. O único
problema foi que a noiva exigiu um dote quase impossível do seu futuro marido:
uma gema mágica que foi roubada por um temível mago.
Talvez esse seja o conto mais
complexo do livro. O texto de Robert Pinheiro é trabalhado, repleto de
referências que dão vida ao seu mundo, e o conteúdo da estória não fica para
trás. Com exceção do vilão – um mago sombrio genérico – todos os personagens da
historia são bastante complexos, dotados de motivações e temperamentos
próprios.
Esse é outro conto que flerta com
a fantasia épica. “A Dama da Casa de Wassir” faz parte do universo de Thargor, no
qual também se inclui o livro “Lordes de
Thargor” da editora “Biblioteca 24X7”.
“Sem Lembranças Daquele Inverno”
de Duda Falcão.
Um mago sombrio contrata um
aventureiro para recuperar uma joia magica roubada por uma antiga aprendiza
versada no controle de animais selvagens. A narrativa é cheia de embates contra
feras diversas e possui um desfecho imprevisto. O pouco de magia que aparece na
estória também chama atenção pela criatividade. Infelizmente, as descrições do texto,
em particular as do protagonista, são um tanto quanto repetitivas, e nenhum
personagem foge muito do lugar-comum.
Tudo pesado, “Sagas Vol.1: Espada
e Magia” é um livro que não trás nada de novo ao gênero, mas contem historias
bem trabalhadas, que certamente merecem o tempo de qualquer leitor.